Total de visualizações de página

domingo, 25 de abril de 2010

COLÔMBIA – Um país conflagrado

PUBLICO HOJE O PROMETIDO ARTIGO SOBRE A COLÔMBIA. NA VERDADE LÊ-LO EXIGIRÁ UM POUCO DE PACIÊNCIA POIS MAIS QUE UM ARTIGO ACABEI FAZENDO UM PAPER. O PRÓXIMO SERÁ SOBRE O PAQUISTÃO, OUTRO PAÍS QUE ME FASCINA. BOA LEITURA.

A Colômbia é um país de trágicas histórias que fazem parte da “normalidade” nas trajetórias dos países da América Latina. Ali misturaram-se os misticismos dos indígenas e dos espanhóis, gerando deliciosos mitos e superstições, extremamente bem traduzidos nas histórias de Gabriel Garcia Marques, principalmente em sua referência-mor Macondo (cidade fictícia do livro Cem anos de solidão, obrigatório).

Se hoje é um aliado fiel e submisso às políticas estadunidenses, já foi inimigo daquele país, principalmente por ter perdido a região do atual Panamá. Na época os EUA queriam construir o canal, não chegaram a um acordo devido ao impedimento posto pelo congresso colombiano e estimularam o povo da região a lutar pela independência para facilitar a construção do mesmo. A marinha dos EUA ficou estacionada na região para apoiar o movimento independentista, o que atemorizou o exército colombiano. A Zona do Canal foi entregue à administração dos EUA de forma perpétua em 1903, o que só foi revogado em 1977 através do Tratado Carter-Torrijos, que definiu a devolução da Zona do Canal ao Panamá em 31 de dezembro de 1999.

A Colômbia se localiza no norte-noroeste da América do Sul, fazendo a ligação da região com a América Central e faz fronteira com a Venezuela, o Equador, o Peru, o Brasil o Panamá e os oceanos Atlântico e Pacífico, o que o torna um país estratégico. Faz parte do grande complexo amazônico e da região andina, sendo o segundo em população na Am. do Sul e o terceiro em PIB.

Desde 1964 o país vive conturbações advindas dos problemas sociais, do autoritarismo de seus governantes, da miséria de grandes parcelas do povo, da luta guerrilheira, da produção de cocaína e das milícias paramilitares. A Colômbia faz parte do chamado “cinturão branco”, juntamente com Bolívia e Equador, as grandes áreas de produção de cocaína do mundo.

Os grupos guerrilheiros

Em 1964 foi fundada a guerrilha comunista FARC-EP,Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo, que passou a lutar pela implantação de um Estado Socialista no país. Outros movimentos guerrilheiros surgiram no período, sendo que entre os mais importantes temos o ELN (um dos incentivadores foi o padre Camilo Torres, que, assassinado, virou um mártir da esquerda internacional) e o M-19 que depôs as armas na década de 90. Portanto, atualmente controlando cerca de 30% do território da Colômbia, atuam as FARC e o ELN.

Várias tentativas de pacificação foram feitas por diversos presidentes da Colômbia. Talvez a mais importante tenha sido de iniciativa de Andrés Pastraña que chegou a desmilitarizar uma área de 42 mil km² para negociar com as FARC, sem ter obtido resultados concretos.

Até hoje as FARC são acusadas de estimular o narcotráfico. Mas a guerrilha nunca apoiou o negócio das drogas. Quando o bloco socialista se desfez, a guerrilha perdeu apoio internacional e boa parte dos recursos que ajudavam a manter a guerra. As saídas encontradas pelos guerrilheiros foram os sequestros, ataques aos quartéis e cobrança de pedágios nas províncias que controlam. Como em várias destas províncias há plantações e refino de coca, os traficantes se tornaram, sem querer, financiadores das atividades da guerrilha, já que são obrigados a pagar impostos e pedágios. Acredita-se que cerca de metade dos recursos da guerrilha sejam oriundos dos pagamentos dos traficantes.

O narcotráfico

A Colômbia é o maior produtor mundial de cocaína, com cerca de 70% do total. O maior mercado comprador da droga colombiana localiza-se nos Estados Unidos. Desde a década de 60, quando teve início a expansão do tráfico da drogas no mundo, os EUA deram início à sua polêmica política War on Drugs, que obteve até hoje resultados pífios e, pior, não foi capaz de deter a significativa expansão e globalização do narcotráfico internacional.

No final da década de 70 surgem no cenário colombiano os dois grandes cartéis da droga: Medellín, liderado por Pablo Escobar Gaviria, e Cáli, liderado pelos irmãos Orejuela. Estes dois grupos criminosos expandiram consideravelmente o negócio da coca na Colômbia, tendo fortes ligações com paramilitares e com membros do alto escalão do governo colombiano. Estas ligações eram tão fortes que, diante das pressões estadunidenses, Pablo resolveu se entregar, nos seus termos: construiu uma mansão fortificada nas montanhas, dotou-a de todo o luxo possível, cercou-se de seguranças armados e entrou com sua família e alguns amigos, concordando em nunca sair dali, e que o exército colombiano fizesse guarda do lado de fora. Ficou tão vergonhoso para o governo colombiano que, pouco tempo depois o acordo foi desfeito e ele teve que fugir, não sem antes ter sido avisado que haveria a invasão por parte do exército. A pressão dos Estados Unidos se intensificou e o governo colombiano iniciou perseguição aos cartéis, prendendo muitos dos líderes e por fim, assassinando Pablo Escobar, considerado o maior traficante de drogas do mundo por um bom tempo, o que redundou na fragmentação dos grupos. Atualmente há inúmeros cartéis de menor porte no país.

Destinado oficialmente a combater o narcotráfico, o Plano Colômbia, uma “ajuda” de mais de 6 bilhões de dólares do governo americano, tinha como objetivo paralelo combater as guerrilhas e ampliar o controle geopolítico dos Estados Unidos na região. Tendo sido um fracasso retumbante, pois o plantio de coca aumentou no período 2000/2006, em cerca de 15%, segundo dados do Tribunal de Contas dos EUA em outubro de 2008 (http://www.gao.gov/products/GAO-09-71), o Plano Colômbia facilitou a entrada e instalação de militares dos Estados Unidos na região amazônica. Uma das ações mais polêmicas do plano, que afetou a vida de milhares de camponeses foi a fumigação por aviões de um tipo de fungo venenoso que serviria para destruir as plantações de coca. Lamentavelmente os outros tipos de plantio foram afetados, aumentando os problemas dos camponeses.

Os paramilitares

Em 1968 uma polêmica lei foi aprovada no país, autorizando a formação de milícias por parte dos cidadãos para defenderem-se das guerrilhas. Isto provocou o surgimento de inúmeros grupos paramilitares que passaram a aterrorizar regiões inteiras e fugiram completamente do controle do exército colombiano. Durante décadas estes grupos saquearam vilarejos e roubaram víveres e dinheiro das populações do interior, além de cometer estupros indiscriminadamente e acobertar o narcotráfico. As organizações de direitos humanos afirmam que estes grupos são os responsáveis diretos pelas maiores violações de direitos humanos na Colômbia.

Posteriormente a lei foi revogada mas as milícias, não. Em 1997 a maiorias dos grupos se uniram e fundaram a AUC, Autodefesas Unidas da Colômbia, cujo líder maior era Carlos Castaño. Esta organização se envolveu em uma campanha sangrenta de massacres de supostos simpatizantes da guerrilha e assassinou intelectuais e líderes sindicais de esquerda, além de militantes pacifistas. Os paramilitares chegaram a somar 5 mil homens em armas. O Human Rights Watch e outras entidades de defesas dos direitos humanos chegaram a denunciar cooperações entre as Forças Armadas oficiais colombianas e os diversos grupos paramilitares. Dissolvida oficialmente durante o atual governo de Álvaro Uribe, após a aprovação de uma polêmica "Lei de Justiça e Paz", que deu imunidade à maioria dos milicianos, sabe-se que havia o interesse de causar boa impressão ao governo dos Estados Unidos. Na prática a extinção da AUC serviu para ratificar o que todos já sabiam, as fortes ligações do presidente com aquele grupo. Tanto que vários membros de seu governo foram denunciados por terem pertencido a AUC.

Os camponeses

Os camponeses colombianos vivem uma situação para lá de dramática. As condições de trabalho e sobrevivência são bastante precárias. O milho é um dos produtos mais importantes do setor agrícola, mas a produção é pequena e o governo não dá apoio, levando muitos a optarem pelo plantio de coca como forma de garantir a sobrevivência. Outros não tem alternativa pois são ameaçados pelos narcotraficantes. Mas, costumam ser ameaçados também pelo exército e, muitas vezes pelas guerrilhas. Ou seja, além de viverem sob pobreza extrema, suas vidas estão em constante risco.

O governo Uribe

Álvaro Uribe foi eleito pela primeira vez em 2002, conseguindo mudar a Constituição e se reelegendo em 2006. Sua política tem sido a mais conservadora possível, dentro dos marcos do neoliberalismo e assumindo uma postura de total submissão aos interesses dos Estados Unidos, razão dos inúmeros recursos aplicados na Colômbia por aquele país. Além disso, negociou recentemente a instalação em território colombiano de 7 (sete) bases militares dos Estados Unidos, o que dará àquele país um controle muito maior sobre a estratégica região amazônica.

Sua política em relação à guerrilha segue a cartilha da guerra sem fim, visto que nunca aceitou nenhum tipo de negociação, optando sempre pelas ações espetaculosas e pelo enfrentamento. Numa sociedade que já se encontra cansada do conflito e onde as guerrilhas perderam praticamente todo o apoio popular anterior, este tipo de postura cai como uma luva, angariando capital político em larga escala. Sem dúvida, o governo Uribe foi quem mais contribuiu para a desmobilização de muitas colunas de guerrilheiros, assassinando à vontade e prendendo muitas lideranças.

Quanto ao narcotráfico, Uribe segue fielmente as diretrizes da DEA (Drug Enforcement Agency), órgão antidrogas do governo dos Estados Unidos. Não dá um passo por iniciativa própria, só faz seguir o que os EUA apontam como correto, visto que os recursos são todos oriundos daquele país. Na prática, poucos resultados apareceram. A parte as prisões de alguns pequenos chefes de cartéis e as mortes de soldados do tráfico, como já se viu neste artigo a produção de coca só fez crescer.

Uribe é um político com, no mínimo, complicados antecedentes. Foi prefeito de Medellín na época em que Pablo Escobar era o grande líder do Cartel da região. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos apontava-o, na época em que era ministro e senador, como aliado e amigo de Pablo Escobar. Afirmava-se que prestava serviços para o Cartel dentro do governo. Além disso, como também já visto, suas ligações com os paramilitares são notórias. Ou seja, o presidente da Colômbia tem um passado bastante obscuro.

No início deste ano Uribe tentou junto à suprema corte a aprovação para tentar um terceiro mandato na presidência, com o aval dos Estados Unidos. Interessante notar que a mídia brasileira não fez nenhum alarde desse gesto, como havia feito quando o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou que tentaria uma nova eleição. Mas a suprema corte da Colômbia rejeitou o pedido de Uribe e ele foi obrigado a indicar um sucessor, Juan Manuel Santos, para as eleições que ocorrerão em 30 de maio próximo. Mas o páreo está duro como se pode ver na matéria do Estadão (http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,oposicao-deve-levar-eleicoes-para-segundo-turno-na-colombia,542190,0.htm).

domingo, 4 de abril de 2010

Correções de testes, preparação de provas, material para o Projeto UERJ, e listas de exercícios impediram-me este fim de semana de escrever um novo artigo para este blog. Ademais, decidi preparar um longo e completo artigo sobre a situação da COLÔMBIA, assunto que me encanta há bastante tempo. Aguardem-no para o próximo domingo.

Gostaria de chamar vossas atenções para alguns acontecimentos importantes desta semana:

a) A morte do ultradireitista e segregacionista sulafricano Eugene Terre'blanche. é possível que ocorra o recrudescimento das tensões entre setores da minoria branca e a maioria negra. Isto, às vésperas da Copa do Mundo de futebol.

b) A situação política na Tailândia vem piorando nos últimos meses. As manifestações antigovernamentais aumentam, embora saiba-se que o governo anterior, defendido pelos manisfestantes caiu sob acusações de fraude. Este é um assunto que vale a pena aprofundar.

c) O aprofundamento da crise na Igreja Católica. A coisa só vem piorando.

d) O Forum sobre sustentabilidade ocorrido em Manaus, que discutiu propostas para a região amazônica.