Total de visualizações de página

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Dilma cancela visita aos EUA

A presidenta Dilma Roussef decidiu adiar sine die a visita que faria aos Estados Unidos em 23 de outubro. A decisão de Dilma ocorre em um momento em que, em doses homeopáticas, o jornalista Glenn Greenwald e a documentarista Laura Poitras têm vazado à imprensa documentos obtidos pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden, entre os quais aparecem casos de espionagem direta à Presidência da República brasileira e à maior empresa do país, a PETROBRAS. Dilma optou por não ser pega de surpresa, pois se estivesse em Washington e novos documentos sobre espionagem ao Brasil aparecessem, seria extremamente desagradável. Mas, definitivamente, os motivos de Dilma são mais profundos do que quer fazer crer a mídia neste momento. O governo brasileiro, através do ministro das relações exteriores Luiz Alberto Figueiredo, na semana passada, havia exigido do governo americano três compromissos: a) Pedir desculpas por ter espionado a Presidenta e a Petrobras; b) A revelação do que foi espionado; c) Comprometer-se a não mais espionar. Ocorre que os Estados Unidos não atenderam nenhuma dessas “solicitações” feitas por nosso governo, resultando em um grande mal-estar diplomático que impossibilitou a viagem de Dilma àquele país. O cancelamento adquire ares de maior gravidade na medida em que a viagem que Dilma faria vinha sendo programada como a única com honras de Chefe de Estado que os Estados Unidos ofereceria este ano. Este tipo de recepção só ocorre nos EUA uma ou duas vezes por ano, quando o “Império” valoriza um país em ascensão ou com quem deseja estreitar certos laços. A diplomacia estadunidense tem agido no sentido de valorizar as relações com o Brasil por uma série de motivos. Entre eles o fato de que nosso país é chave para a penetração na América do Sul visto que há vários governos progressistas na região; embora nossa economia passe por um momento de baixo crescimento, as perspectivas para os próximos anos são boas no que diz respeito ao mercado consumidor; o Brasil tem se articulado dentro do BRICS, o que configura uma real alternativa de poder global; e, finalmente, aos EUA interessa muito vender à Aeronáutica brasileira os caças F-18 da boeing, um contrato bilionário. Este cenário contribui para valorizar a decisão de Dilma Roussef. Sem dúvida, há poucos países no mundo capazes de tomar uma decisão como esta e sair incólumes, o que mostra que nosso país valorizou sua soberania e não se curvou diante das agressões sofridas pela superpotência. Algo que poucos países, entre tantos que foram espionados, têm ousado fazer.