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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Da necessidade de o Brasil se tornar Grande

Marcio Azevedo

Há tempos foi aberta uma reflexão sobre a importância do Brasil na América Latina e no Mundo. Totalmente subjugado durante o governo Fernando Henrique, o país passou por uma mudança de estratégia no que diz respeito às relações internacionais no governo Lula. Com uma ação global proativa o país passou a requerer proeminência em uma série de foruns multilaterais de que participa. A formação do G-20 na OMC; a formação do G-4(Brasil, Japão Alemanha e Índia) para tentar modificar a estrutura do Conselho de Segurança da ONU; a formação do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) aprofundando os termos da cooperação Sul-Sul; o fortalecimento da imagem de Global Trader; a busca do fortalecimento do MERCOSUL; a UNASUL, entre outras iniciativas, são apenas alguns dos indicadores de que se gestou no governo uma política que visa dar protagonismo ao Brasil no mundo. Não há interesse do governo em manter o país como parte da periferia submetida do Capitalismo e do jogo geopolítico internacional.

No entanto, estavam faltando investimentos de peso por parte do governo brasileiro no que diz respeito ao campo da GEOESTRATÉGIA. Aqui o país até recentemente pecava por falta. É óbvio que não era recomendável utilizar parte importante do orçamento federal em gastos estratégicos de segurança, num primeiro momento. Porém, após a "arrumação da casa" feita no campo econômico e alguns avanços sólidos no campo social, chegou a hora de repensar a questão bélica, esta tão sensível área.

A rearrumação geopolítica que vem ocorrendo no mundo passa, necessariamente, pelo setor militar. A História tem mostrado nos últimos 700 anos que é no tabuleiro bélico que são jogados os rumos e os destinos de países e continentes. Não há como um país adquirir e preservar um papel de protagonismo no campo das relações internacionais, sem investimentos razoáveis em tecnologia bélica e armamento com poder intimidatório em boa proporção. E isto passa, sem dúvida, pelo reaparelhamento das forças armadas, pela compra de novos aviões de combate, pela compra de foguetes e mísseis, pelo investimento na indústria bélica nacional, pelo reforço do patrulhamento das águas oceânicas do país com a compra de novas fragatas e corvetas, novos submarinos, pela construção do submarino de propulsão nuclear e da retomada das atividades do porta-aviões São Paulo, pelo investimento maciço em inteligência militar e pela adoção de uma linha de conduta que mostre claramente que o país não se deixará intimidar em quaisquer circunstâncias. Isto é absolutamente possível sem criar atritos sérios com nenhum outro país, principalmente os Estados Unidos.

Nesse sentido a aprovação pelo Congresso Nacional em dezembro passado da Estratégia Nacional de Defesa (http://www.mar.mil.br/diversos/estrategia_defesa_nacional_portugues.pdf), um amplo conjunto de propostas e ações no campo militar visando a defesa do território nacional por terra, mar e ar, bem como definições quanto ao desenvolvimento de tecnologia de ponta neste setor, veio ao encontro dos anseios daqueles que que creem na construção do protagonismo global do Brasil e em sua capacidade de influenciar positivamente os destinos do mundo e contribuir para um reequilíbrio de forças num mundo em transformação.

É óbvio que ocorrerão inúmeras pressões, inclusive internas, mas a diplomacia brasileira deve estar preparada, instruída para trabalhar estas questões de forma a amenizar os temores que porventura surjam. Porém, agir de forma resoluta é algo absolutamente necessário se o Brasil não quiser voltar à condição de periferia humilhada no cenário internacional. E esta não é, definitivamente, a opção do governo atual.

Por fim, em algum momento, que deve ser cuidadosamente planejado, o país deve voltar a fazer investimentos em um programa nuclear capaz de alçá-lo ao seleto clube dos que possuem artefatos de destruição em massa. Condição tecnológica para isso há. A Constituição define que o Brasil não deve investir neste tipo de armamento. O governo FHC assinou em 1998 o TNP (Tratado de não proliferação de armas nucleares). Estes impedimentos são bastante concretos e difíceis de superar, mas não impossíveis.Não há a mínima dúvida de que quando este momento chegar (se chegar) o país sofrerá uma violentíssima pressão por parte de todas as potências econômicas e nucleares do planeta. A questão é: haverá cacife suficiente para suportar estas pressões? Se houver, após um período bastante difícil, melindroso, o país emergirá finalmente como um dos mais importantes do mundo sob todos os aspectos. Não poderá mais ser desconsiderado sob nenhuma circunstância. A outra opção é o desarmamento total, a destruição de todos os arsenais nucleares do planeta, reequilibrando o jogo. Sejamos honestos, só as crianças acreditam em contos de fadas.

Este é um caminho que o país poderá seguir nos próximos anos. Há outros mais leves, menos tortuosos, com menores níveis de tensionamento. Porém, se adotados, muito provavelmente não levarão o país a cumprir um papel de relevo em um mundo que precisa urgentemente de novos protagonistas.

3 comentários:

  1. Eu acredito que o Brasil caminhará por esse caminho até um dos países mais importantes, aliás, o fato de já fazer parte do G-20 já é importante, e espero que um dia melhore mais ainda, inclusive porque atualmente a sociedade brasileira tem aberto mais os olhos sobre a política e também há ainda a ajuda da imprensa e outros fatores.

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  2. Acredito na necessidade do melhoramento de nosso poder belico.Mas não sei se ainda é o momento adquado, para tal renovação,pois a "casa" ainda está muito bagunçada, principalmente no que diz respeito ao social.Antes de mudarmos a visão dos os outros paises em relação ao Brasil, temos que mudar a visão do brasileiro em relação a sua pátria.

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  3. Como eu disse LINE, acho que o momento é agora, mas concordo plenamente com você quando afirma a necessidade de os brasileiros mudarem a visão que tem do Brasil. Acho que isto é um imperativo para nossa afirmação internacional.
    Marcio Azevedo

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